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Brasil teve alta de 21% de infecções por HIV em 8 anos
17 de Julho de 2019
ESTADÃO
O Brasil teve um aumento de 21% no número de infecções pelo vírus HIV, que causa a aids, desde 2010. A alta destoa da tendência mundial: apesar de haver uma estagnação dos esforços mundiais para erradicar a doença, a maior parte dos países conseguiu diminuir o número de novos casos nos últimos anos.
Os dados são do Unaids, programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids, em seu relatório anual. Segundo o documento número de infecções no mundo permaneceu estável na comparação com os anos anteriores, com uma taxa de 1,7 milhão de novos casos por ano. A alta de infecções no Brasil piorou os índices da América Latina, que teve aumento de 7% no número de novas infecções entre 2010 e 2018. Se o País ficasse de fora da conta, a região teria queda de 5%.
No continente, o desempenho brasileiro no combate ao HIV só não foi pior que o da Chile (alta de 34%) e da Bolívia (26%). "Na maior parte dos casos, países com território maior têm performance pior do que vizinhos regionais menores", registra o relatório da ONU.
Para especialistas, o desempenho ruim do Brasil se deve à demora em se adaptar à tecnologia dos testes rápidos e à pesquisa científica mais recente sobre a doença. Há também quem aponte falta de políticas públicas para grupos mais vulneráveis à doença, como os jovens.
"Em 10 anos, os casos de HIV mais do que dobraram na faixa entre 20 e 24 anos no Brasil. As campanhas e ações não alcançam as mudanças geracionais, os novos comportamentos", critica o professor Mário Scheffer, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ele classifica como "inaceitável" o desempenho do País. "O Brasil tem sustentado uma tese meio ilusória de que a epidemia está controlada."
O presidente do Fórum de ONGs/Aids de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, concorda. Ele lembra que a falta de políticas adequadas às populações mais vulneráveis à doença também foi um problema em governos federais anteriores. "A aids não é um só um problema de saude, é um grande problema social também. Precisávamos ter um programa dentro do Ministério da Saúde para trabalhar aids e pobreza", diz Pinheiro.
Já a médica Zarifa Khoury,infectologista do Hospital Emílio Ribas, diz que o aumento na notificação do HIV pode ser consequência do maior número de testes. Ela diz que a política de prevenção do país atualmente é adequada, mas acredita que os jovens dão menos atenção às doenças sexualmente transmissíveis.
"O que eu sinto é que essa população mais jovem não presenciou os agravos que existiam antes. As pessoas não adoecem como adoeciam, e eles perderam o medo e não se previnem tanto", diz Zarifa.
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