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Rastreio de câncer de pulmão é ideia controversa
29 de Abril de 2019
ESTADÃO
A doença começa como algo trivial, como uma tosse que não desaparece. Mas com frequência o câncer de pulmão não tem sintomas até ser tarde mais. É o caso de Graham Thomas, que em 2014 descobriu que por trás de uma pneumonia havia um câncer no estágio 4. O estágio 4 no jargão médico significa um tumor que se espalhou para outras partes do corpo. Não há um estágio 5.
Graham hoje faz parte de uma campanha da Roy Castle Lung Cancer Foundation que visa chamar atenção para o conhecimento da doença na Grã-Bretanha. Ele começou a fumar aos 14 anos e diz que as pessoas acham que seu câncer é sua culpa, que é o tipo de câncer que menos merece simpatia. Mas ele afirma que talvez não seja, porque é o que mais mata.
Localizar tumores na fase inicial permitiria que eles fossem tratados antes que se propaguem, melhorando os resultados e reduzindo os gastos médicos. Mas muitos lugares que convidam as pessoas a participarem de programas para detecção da doença se concentram mais em cânceres de mama, intestino, próstata e do colo do útero e resistem à ideia do de pulmão.
Além da questão do falso positivo (quando o exame dá positivo para câncer, mas na verdade o paciente não está doente), mesmo quando o exame está correto e detecta câncer, esse tumor com frequência é um que não encurtará a vida do paciente, porque ele morreria de outras causas. Mas a todos os homens que passam pelo exame é oferecido tratamento e muitos o fazem, com riscos de efeitos colaterais.
De acordo com Bob Steele, professor da Universidade de Dundee e presidente do National Screening Committee do Reino Unido, “você tem de tratar 30 homens para salvar um da morte”.
A primeira evidência de que o exame para diagnosticar um câncer no pulmão pode ser benéfico, apesar das várias preocupações, veio do estudo americano National Lung Screening Trial (NLST), realizado entre 2002 e 2009. O estudo listou 53 mil pessoas entre 55 e 74 anos que fumaram um maço de cigarros ou mais por dia durante um ano. Em vez de realizar os exames normais de raio X foram feitas tomografias computadorizadas em baixas doses. Os participantes foram examinados anualmente durante três anos.
No final do experimento, os que realizaram a tomografia computadorizada tinham 20% menos probabilidade de ter morrido por causa de um câncer do pulmão do que os que foram submetidos ao exame de raio. O equivalente a três menos mortes para cada grupo de mil pessoas examinadas, tendo mostrado ainda um declínio de 7% na mortalidade por todas as causas.
O NLST decidiu estabelecer a tomografia computadorizada como o caminho a seguir. Hilary Robbins, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, que pertence à Organização Mundial da Saúde (OMS), observa que os exames ainda geram preocupações com os falsos positivos porque eles sinalizaram 365 pessoas em mil como necessitando de acompanhamento. Mas com aperfeiçoamentos do protocolo usado, que hoje ignora anomalias menores porque elas raramente são cancerígenas, os números dos falsos positivos caíram à metade, e o número de pessoas sofrendo complicações também diminuiu.
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