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"Violência contra mulher tem correlação com transtornos mentais comuns", afirma pesquisadora da UNB

14 de Novembro de 2022


Conselho Nacional de Saúde

Depressão, ansiedade, transtorno do sono, transtorno de estresse pós-traumático, ideação suicida e distúrbios mentais podem estar diretamente relacionados com relações abusivas e violentas contra as mulheres. É o que indicam pesquisadores que participaram da 336ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), para debater consequências da masculinidade sobre a saúde das mulheres, nesta quinta (10/11).  

Para o encontro foram convidados Luciano França Ramos, diretor adjunto do Instituto Promundo, Ana Paula Procópio da Silva, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Valeska Zanello, professora da Universidade de Brasília (UNB).

A opressão de gênero também pode gerar problemas emocionais, cognitivos e comportamentais, como baixa autoestima, insegurança, crise de pânico e outros transtornos psicológicos, além da violência física.

Para Valeska, que pesquisa a relação entre violência contra mulheres e saúde mental, há uma epidemia de violência contra as mulheres que é invisibilizada. “A violência contra a mulher tem uma alta correlação com transtornos mentais comuns. Tratar a questão psíquica é fundamental para as mulheres não entrarem em outra relação abusiva”, avalia.

A reprodução de paradigmas e a necessidade de tratar o assunto com olhar voltado às categorias de raça, gênero sexualidade e classe, também foram abordadas pelos acadêmicos no debate.  “Ainda temos situações e questões que nos remetem o tempo todo ao nosso passado, que não passou. Mulheres negras que na sociedade escravocrata serviam como instrumento de trabalho e objeto sexual”, completa Ana Paula Procópio, ao destacar a necessidade de se conquistar avanços com trocas de diálogos e experiências.

Masculinidade x Machismo

Segundo Luciano França Ramos, masculinidade e machismo são duas coisas diferentes. Ele pontua que a masculinidade é uma construção social, performance do que é ser homem na sociedade. “A gente aprende a ser homem e aprende a ser mulher socialmente e é frente ao diferente que vou me constituindo e me organizando como individuo”, afirma

Destaca ainda que todas as análises sobre masculinidade no Brasil foram influenciadas por uma visão europeia, que estimula o homem a seguir um modelo de masculinidade ideal. “É uma masculinidade hegemônica e para se chegar até ela é necessário também ser machista”, avalia.  

Mudança social

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país no mundo no ranking de feminicídios. Em 2021, foram 1.319 casos, uma morte a cada sete horas. 

Para desconstruir esse padrão de masculinidade tóxica e enfrentar o machismo na sociedade, os pesquisadores indicam a necessidade de se trabalhar com políticas intersetoriais, assistência social, saúde e educação que são fortes pilares socais que chegam a todas as classes.

 

Para ler a  matéria na íntegra, clique aqui.


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