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Refrigerantes ‘light’: sem açúcar, mas com risco à saúde

05 de Abril de 2019



El País

 

Você para em uma lanchonete para comer algo, senta-se à mesa e se depara com uma decisão importante: pede alguma coisa saudável ou não pensa nisso, porque a vida é curta e deve ser aproveitada ao máximo? Melhor a primeira opção. Você opta por uma refrigerante, mas light, e uma porção de amêndoas torradas. Mas o que para alguns é uma boa escolha para a saúde pode não ser bem assim aos olhos dos cientistas... e não pelas amêndoas.

Segundo um estudo recente sobre os efeitos dos adoçantes, um consumo excessivo de refrigerantes adoçados artificialmente pode ter consequências negativas para a saúde. Os pesquisadores analisaram a associação entre as bebidas sem açúcar, o derrame cerebral e a doença coronariana em um grupo de 82.000 mulheres americanas pós-menopáusicas com idades entre 50 e 79 anos. Depois de um acompanhamento de 12 anos, os resultados mostraram que embora apenas 5,1% das participantes tomassem duas ou mais bebidas adoçadas artificialmente por dia, esse grupo tinha um risco 23% maior de acidente vascular cerebral e 29% mais alto de doença cardíaca do que o das mulheres que raramente ou nunca tomavam bebidas dietéticas.

Todos os especialistas consultados neste artigo concordam quanto à importância e ao interesse do estudo, mas também quanto à necessidade de observar os resultados com cautela. “É um estudo muito importante pelo tamanho da amostra e pelo longo acompanhamento, embora tenha várias limitações”, afirma o presidente da divisão de Cardiopatia Isquêmica e Cuidados Cardiovasculares Agudos da Sociedade Espanhola de Cardiologia, Esteban López de Sá y Areses.

Uma suspeita a mais, mas ainda faltam as provas

A primeira limitação é que os cientistas só incluíram mulheres pós-menopáusicas, diz o especialista, embora assinale que “não existe nenhuma base para acreditar que os resultados pudessem ser diferentes em homens ou mulheres em idade fértil”. A segunda é que “o consumo dessas bebidas não foi medido diretamente, levou-se em consideração o que as mulheres informavam em questionários preenchidos em diferentes momentos do estudo, e certamente os padrões de consumo variaram com o passar do tempo, o que não foi analisado”, destaca o especialista.

Além disso, o estudo mostra uma correlação e não uma relação de causa e efeito, o que deixa a porta aberta para inúmeras explicações. “As pessoas que consomem mais bebidas pesam mais? Têm uma dieta pior? Pode haver mais fatores” que expliquem os resultados, afirma o bioquímico e biólogo molecular da Universidade Politécnica de Valência Josep Maria Mulet.

No entanto, a endocrinologista Paloma Gil concorda com os autores do novo estudo que “há uma clara relação entre o consumo elevado de refrigerantes lightou sem calorias e o aumento de eventos vasculares indesejáveis, como infarto ou derrame cerebral”. Com essas limitações, o normal é que as conclusões dos cientistas deixem o plácido cliente na mesa ao ar livre desconcertado, levando-o a perguntar: então os refrigerantes adoçados artificialmente são prejudiciais à saúde? São aceitáveis se consumirmos menos de dois copos por dia? Alguém sabe o que tenho de pedir?

 

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