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Uso de melatonina está na moda, mesmo sem eficácia comprovada
19 de Novembro de 2021
R7
De tempos em tempos surgem produtos apontados como milagrosos para resolver problemas como insônia, obesidade, ansiedade, diminuir o risco de câncer, e por aí vai. O uso de cápsulas de melatonina virou febre entre pessoas que querem dormir melhor e perder peso.
Os médicos, porém, não recomendam fazer a reposição de um hormônio produzido naturalmente pelo organismo. A glândula pineal, localizada na região central do cérebro, é responsável pela produção da melatonina, que tem a função de regular o relógio biológico das pessoas.
“Esse hormônio sinaliza aos órgãos que a noite chegou e que é preciso preparar o corpo para adormecer. A produção tem início por volta das 20h, quando começa a sensação de sono, mas os efeitos só são sentidos quando se modifica para entrar em jejum. Depois de a pessoa entrar no quarto e apagar as luzes, há uma redução da pressão arterial, da temperatura corpórea e do metabolismo para o corpo entrar no sono”, explica Ricardo Teixeira Rienzo, endocrinologista do Hospital Santa Catarina.
No dia 15 de outubro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso de 0,21 mg de melatonina por dia, como suplemento alimentar. A neurologista Dalva Poyares, pesquisadora do Instituto do Sono de São Paulo, observa que a dose aceita pela agência é pequena e não existem estudos que comprovem a eficácia do hormônio como medicamento.
“O que a Anvisa aprovou é uma dose pequena, na verdade a dose pequena é uma dose fisiológica. A melatonina ainda não pode ser aprovada como medicamento porque faltam estudos. Hoje são usadas doses empíricas, sem indicação formal, que vão de 1 mg a 10 mg. Esse é um intervalo de doses muito grande”, afirma a médica.
E completa: “Não consigo dizer 'Você está com dor, então pode tomar desde cinco gotas até 100 gotas de um analgésico'. Sabemos que a dosagem é por quilo de um adulto e de uma criança. Quando falamos de suplemento, não é algo empírico, é algo mensurável. Por exemplo, a pessoa faz exame da vitamina D e está abaixo do desejável, então o médico indica a suplementação”.
Não existem exames para medir o nível de melatonina no corpo, mas o médico Ricardo Rienzo afirma que é possível organizar a rotina para aumentar a produção do hormônio natural e obter os benefícios trazidos por ele.
“Uma noite bem dormida significa que a pessoa tem menos probabilidade de ter muita fome ao longo do dia e comer mais do que o necessário. A melatonina tem papel na síntese e ação da insulina das células, entre outros, atuando na regulação do metabolismo. Ela vai auxiliar no emagrecimento de maneira natural, pela produção do próprio corpo. A indicação é, por volta das 20h, diminuir as atividades físicas e preparar-se para dormir. Isso com certeza vai favorecer a perda de peso. Mas não é necessário tomar melatonina”, ressalta o médico.
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