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Uma escolha que não é só alimentar: fatores externos podem definir dietas

14 de Junho de 2021



Correio Braziliense

Os hábitos alimentares adotados na juventude podem influenciar toda a vida adulta e, por isso, precisam de mais atenção, alertam especialistas. Com essa preocupação, cientistas investigam como jovens escolhem o que comem. Um estudo recente mostra a influência de mídias sociais, de pessoas próximas e até de celebridades. Outro sinaliza que críticas sobre o peso corporal geram efeitos negativos na autopercepção dos mais novos, o que pode desencadear problemas psicológicos mais sérios, incluindo distúrbios alimentares. Essas são algumas das conclusões apresentadas no Congresso da Sociedade Americana de Nutrição — realizado na semana passada — e que, segundo autores, são ferramentas estratégicas no combate à obesidade nessa faixa etária.

“Para que escolhas alimentares mais saudáveis sejam feitas, é necessário compreender o que os próprios adolescentes percebem como agentes impulsionadores e como barreiras. Procuramos enxergar a visão deles para propor um caminho a seguir”, relata, em comunicado, Catharine Fleming, pesquisadora da Universidade Wester Sidney, na Austrália, e uma das autoras de um estudo apresentado no congresso científico.

Fleming e equipe entrevistaram 655 adolescentes, de 12 a 18 anos, durante workshops realizados simultaneamente em 18 países, de cinco regiões . Em todos os locais, os participantes identificaram a família, as mídias sociais e a internet como principais motivadores para as escolhas alimentares, seguidos por televisão e rádio, amigos, publicidade e endossos de celebridades.

As principais barreiras à alimentação saudável descritas pelos participantes foram as restrições financeiras, o gosto e os tipos de alimentos disponíveis em casa, na escola e na comunidade. Muitos responderam também que as opções não saudáveis são geralmente mais fáceis de acessar. “Eles relataram barreiras estruturais importantes para uma alimentação saudável, como as restrições financeiras e o que está disponível em seus ambientes. Precisamos buscar soluções centradas nesses pontos. Vemos, já de início, que são questões que envolvem muitos responsáveis e, por isso, precisamos do esforço de diversos agentes para ultrapassar todas as barreiras identificadas”, enfatiza Fleming,

Para Vladimir Melo, psicólogo e autor do livro Obesidade infantil: interações familiares e ciclo de vida numa perspectiva sistêmica, o estudo traz conclusões que podem ser usadas por especialistas de diversas áreas e reforçam a influência da internet. “Os adolescentes valorizam muito o pertencimento, e a ‘marca’ do alimento ocupa um lugar importante para situá-los em um grupo. A internet é por onde essas influências circulam, principalmente considerando o aumento do alcance de youtubers durante a pandemia”, explica. “Se não existe uma educação alimentar em casa e na escola, a criança estará mais suscetível à influência da mídia, consumindo alimentos pela embalagem ou pelos brindes que os acompanha. Isso, certamente, pode seguir até a adolescência.”

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.


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