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Estudo mostra que adoçantes não emagrecem, mas também não fazem mal

16 de Janeiro de 2019



Correio Braziliense

 

Nem vilões, nem mocinhos. Essa foi a conclusão de um estudo sobre adoçante, financiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que analisou 56 pesquisas comparando adultos e crianças saudáveis com ingestão baixa/não ingestão dessa substância a pessoas que fazem um uso mais pesado dos substitutos do açúcar. O resultado, publicado na revista British Medical Journal, mostra que, se por um lado eles não ajudam muito a emagrecer, por outro estão longe de provocar problemas de saúde, como já foi sugerido.

“Preocupações crescentes sobre saúde e qualidade de vida encorajam as pessoas a adaptarem seus estilos de vida e a evitarem o consumo de alimentos ricos em açúcar, sal ou gordura para prevenir obesidade e outras doenças crônicas. Com o interesse crescente dos consumidores em reduzir a ingestão energética, produtos alimentícios contendo adoçantes artificiais, em vez de açúcares simples, tornam-se cada vez mais populares”, justificam os autores, no artigo. “Trocar açúcares por adoçantes levanta a promessa de benefícios à saúde primariamente pela redução na contribuição dos açúcares na ingestão calórica diária e, portanto, redução no ganho de peso não saudável. Contudo, evidências de efeitos (negativos) devido ao uso dos adoçantes são conflitantes”, continua o texto.
 
Enquanto alguns estudos reportam associação entre o uso de adoçantes e o risco reduzido de diabetes 2, sobrepeso e obesidade, outros sugerem que essas substâncias poderiam, ao contrário, elevar o risco de ganho de peso, diabetes e até câncer. Por isso, a equipe de pesquisadores europeus, a pedido da OMS, levantou a literatura científica sobre o tema, chegando a 56 estudos que compararam a ingestão frequente de todos os tipos de adoçantes com uso comercial aprovado, como sucralose, sacarina, aspartame e estévia, ao consumo baixo (ou nenhum consumo) desse tipo de produto. Os artigos escolhidos para a avaliação continham informações de peso, índice glicêmico, saúde oral, histórico de câncer, de doenças renais e cardiovasculares, além de comportamento e humor. Todos os participantes eram saudáveis.
 
No geral, os resultados mostraram que, para a maioria desses parâmetros, não houve diferenças estatisticamente ou clinicamente relevantes entre os indivíduos expostos a adoçantes artificiais e aqueles não expostos, ou consumidores de baixa dosagem. Alguns pequenos estudos inseridos na análise sugeriram melhorias discretas no índice de massa corporal (IMC) e nos níveis de glicose no sangue em jejum, mas a certeza sobre essa evidência foi baixa. O consumo menor de adoçantes sem açúcar foi associado a um ganho de peso ligeiramente menor (-0,09kg) do que as ingestões mais altas, mas, novamente, com baixa certeza. Em crianças, observou-se menor IMC com o uso do adoçante, que, contudo, não impactou no peso. Também não se detectou nenhuma evidência positiva do efeito das substâncias em adultos com sobrepeso.
 
Por outro lado, os autores não encontraram associações negativas entre o uso do adoçante e problemas de saúde. “Embora o estudo não resolva essa questão em definitivo, já se testou à exaustão a hipótese de o adoçante causar câncer e não se encontrou nenhuma relação. Para ter o poder de mudar a qualidade das células, seria necessário usar uma quantidade absurda, que ninguém conseguiria consumir”, observa Mario Carra, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
 
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